Meu nome é Rhea, de São Francisco, Califórnia. Lá meus amigos comentam que eu pareço com o Wallace do desenho britânico, por causa das minhas manias e o meu rosto bem animado, enquanto aqui me dizem que me pareço com a Xuxa. Acho que prefiro o homem excêntrico e esquisito.
Sou estudante de línguas (inglês, espanhol, português e francês) e uma verdadeira nerd em lingüística. A minha área de excelência é a sociolingüística e por pura sorte, há um curso de sociolingüística aqui, na UCSAL. Eu gostaria de demonstrar o vínculo entre a sociolingüística e a identidade como finalidade desse blog.
A língua é mais do que apenas palavras, é um símbolo de comportamento social. Pode ser que não percebamos que imediatamente depois de conhecer uma pessoa, temos a tendência de julgá-la pela fala, idioma ou dialeto que tiver.
Pessoalmente, eu devo admitir que eu também sou vítima desse julgamento inicial. Por exemplo, talvez eu pressuponha que uma pessoa que fala francês valoriza a arte, igual a muitos norteamericanos que associam um sotaque londrino à BBC com ser refinado e articulado, o qual não é necessariamente verdade de jeito nenhum.
A idéia subjacente da sociolingüística é simples: o uso da língua representa a identidade social, através do comportamento social e o intercâmbio humano.
O ano passado eu escrevi uma monografia sobre o fenômeno lingüística do "espanglish" (espanhol + inglês) nos EUA. Muitos norteamericanos acreditam que uma nova língua vai aparecer em alguns estados como a Califórnia, o Texas ou a Flórida, ou até que o inglês americano está em risco de desaparecer. Depois de pesquisar o tema, eu concluí que o inglês americano não é ameaçado pelo espanhol e que o espanglish não é uma mistura pura das duas línguas, quer dizer que representa a assimilação da segunda geração de imigrantes "latinos" à cultura americana dominante. Ao analisar o espanglish bem, a maior parte do uso do espanhol está sucumbindo à linguagem inglesa, e o contrário não ocorre. Também, não existe uma padrão de espanglish, não existem regras gramaticais, portanto não é provável que uma versão organizada vá surgir. Em terceiro lugar, para 90% dos casos, com a terceira geração de imigrantes nos EUA (de qualquer país), a língua materna da família é perdida totalmente. Portanto, o espanglish serve como o período de transição de assimilação, em vez de ser uma combinação de culturas (também é importante notar que o espanglish apenas acontece nas comunidades latinas, quase nunca na cultura dominante anglofalante).
Outra faceta do estudo de línguas é examinar o efeito das diferentes situações sociais, como o caso da criação das línguas crioulas.
Outra abordagem dos estudos das línguas e como se relaciona à identidade é analisar como os seres humanos adaptam a fala às particulares situações sociais. Por exemplo, uma pessoa pode dizer à mesa do jantar, ''Passa o sal,'' em um contexto social, ''você se importaria de passar o sal?'' em outro, e ''o senhor poderia passar o sal por gentileza?'' em outro.
4 comentários:
Muito legal Rhea.Eu tambem posso dizer que sou uma verdadiera nerd em muitas coisas, incluindo a sociolinguistica. Eu gostei!
Sorte! Seu amiginha, Esme <3
PS-Ya se que has oido mil veces lo que te decire, sin embargo te decire otra vez...no pierdas tu espanol menina!!!
Rhea,
I found your article amazingly insightful and
thoroughly enjoyed what is an interesting perspective on a somewhat contraversial subject. Even though
I don't understand a word of Portuguese I am eagerly awaiting your next blog entry.
Love, mom
Ha ha, que graça você tem, mamãe. Bem interessante que a metade dos comentários são de parentes meus....
Só para fazer comentário que não é de parente seu, Rhea, eu achei este blog muito legal, considerando que deu um outro lado do argumento meu. Imagino que se o "spanglish" nunca será uma lingua própria, que o "brasilinglês" também não vai mudar a lingua portuguesa completamente. Alias, numa aula de literatura dramatica, a gente está comparando uma peça de Beckett traduzida pelo português de Portugal com uma traduzida pelo português do Brasil, e a fala brasileiro mudou a peça completamente. Quem sabe se o spanglish não mudará o inglés que você fala. Eu acho possivel que o inglês falado aqui pode até mudar a lingua brasileira devagar, e eventualmente, Beckett (traduzido novamente) teria outro significativa ainda, além do que tivesse hoje em dia.
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