quinta-feira, 24 de abril de 2008

Minhas aulas brasileiras

Aqui no Brasil, o lugar onde eu me sinto menos como um estudante é na sala de aula. Eu me sinto mais como parte da audiência dos meus professores do que um membro ativo do processo educacional. Das minhas quatro aulas, é só em uma que eu e os outros estudantes são obrigados e encorajados a conversar e falar na aula. As minhas aulas na UFBA com estudantes brasileiros não devem ser chamadas de "aulas", mas duas horas para o professor falar sem estar consciente dos outros seres humanos na sala." (só quero clarificar aqui que não acho que a minha experiencia na UFBA não representa ela em total, viu?!) Antes de vir pro Brasil, eu achava que já sabia o que é que faz uma matéria ruim – falta de interesse do curso, um professor chato, etc. Mas as minhas aulas aqui são algumas das piores da minha vida. A minha identidade aqui como estudante está sofrendo bastante. Eu acredito que entre professores e estudantes, tem que ter um entendimento mútuo das metas do curso – quer dizer, o que o professor gostaria que o estudante fizesse e sacasse da matéria e o que o estudante deve esperar do professor sãoA claros. Não tem que ser expectativas muito exigentes, mas os dois lados tem que ser dedicados e conscientes áA experiência do outro. O que é que meus professores acham que eu estou aprendendo deles, exatamente, se não dão a oportunidade para eu dar minha opinião, falar e trabalhar com meus colegas e participar do progresso da aula? Na verdade, os professores não possuem a culpa completa. Talvez seja porque depois de 5 minutos tentando prestar atenção aos meus professores, minha mente começa viajando na maionese, sonhando com o fim de semana e as praias que me esperam, mas não estou aprendendo muito na sala de aula este semestre, não.

3 comentários:

Seu Drake disse...

Infelizmente, eu concordo com o que você falou. Enquanto a "inconsciência" dalguns professores não seja um problema unicamente brasileiro, é claro que tenho visto esta prática mais freqüentemente desde que cheguei ao início do semestre. Com certeza existe um equilíbrio entre uma aula exigente, em que o professor apresenta muitas informações, e uma aula que parece mais um solilóquio. Ainda mais ruim é que muitos dos meus professores afirmam discretamente, para mim, que gostam de ensinar "americanos" (ou seja, qualquer estrangeiro), porque eles trabalham e estudam mais do que os próprios brasileiros. Será que os estudantes brasileiros são todos ruins, sem pensamentos originais, ou que o professor nunca antes calou a boca para deixar eles falarem?

Kyle disse...

Primeiro Val, eu quero dizer que eu sinto para você. O que me faz sentir cada vez mais chateado e que a matéria que eu estou pegando com o CIEE e exatamente come você explicou suas aulas na UFBA. A realidade desse sistema de ensinar e que a gente não esta praticando português dentro da aula, e que não estamos escutando português porque depois de cinco minutos da aula todo o mundo menos o professor está na praia com você. Nessa aula, eu não sinto como a gente está um grupo de estrangeiros tentando aprender uma nova língua e sobre uma cultura nova juntos, mas que a gente está num tipo de prisão que ninguém merece.

Caitlin disse...

O que eu não consigo entender é essa dependência da aula no seminário. Todas minhas aulas agora estão centradas nessas apresentações, que seriam boas se todo mundo estivesse interessado, mas como a maioria dos apresentadores não mostra nehum interesse no sujeito de que está falando, ninguém consegue aprender nada. Criatividade é absolutamente necessário para fazer uma aula suceder porque tem que acomodar todos os jeitos de aprender, e infelizmente, eu não consigo ver bastante dessa em qualquer aula nos EUA ou no Brasil.