quinta-feira, 15 de maio de 2008

Michigan, meu Michigan!

Assisti o filme Tiros em Columbine, (Bowling for Columbine) com meu namorado esse fim de semana. É um filme antigo que eu já tinha visto pelo menos duas vezes no cinema, quando estreou nos Estados Unidos no outono de 2002. Mesmo assim, o filme conseguiu me chocar e repugnar novamente, até mais do que nas primeiras vezes. Talvez tenha algo a ver com o fato de que eu tive que ficar explicando as coisas para meu namorado, dando desculpas por meu país problemático e tentando fazer com que ele não resolvesse nunca me visitar lá... Ele nunca vai me visitar.

Uma grande parte do filme ocorre em Michigan, meu querido estado emforma de luva (eu moro na base do polegar) circundada por cinco lagos enormes e bonitos, o maior grupo de lagos de água doce no planeta. Só que o filme não mostra nada disso. O que ele mostra de Michigan é um banco no interior que dá armas de presentes quando você abre uma conta, e a fazenda de soja onde foram produzidas as bombas que explodiram o Alfred P. Murrah Prédio Federal em Oklahoma City em 1995 (antes do ataque de 11 de Setembro, esse foi o ato de terrorismo mais mortal em solo americano). O filme também mostra o incidente absurdo de pessoas assassinadas por armas de fogo nos Estados Unidos, muitos dos exemplos sendo do meu caro e, infelizmente, perturbado, Michigan.

Como reagiu meu namorado? Pior do que ficar chocado, ele não ficou muito supreendido com o fato dos Estados Unidos serem um país terrorizado por seu próprio governo e sua amada mídia. O que realmente impressionou ele, porém, foi a grandeza incrível dos números de pessoas que têm armas em casa e a facilidade de obter-las -- até adolescentes conseguem comprar balas, mesmo que não tenham maioridade para ter a licença para possuir armas. O que também chocou ele, que assustadoramente já não impressiona muitos Americanos, foi a mera existência de violência agressiva nas escolas que ocorre, pelo menos, cada ano.

A grande questão é, por que? Tem várias teorias que o filme explora, mas provavelmente é uma mistura de nosso pavor de um inimigo desconhecido, sem-rosto que inspira tantos Americanos a comprar armas e gaurdar-las em casa, ao alcance de crianças e adolescentes.

“Mas nem todo mundo tem armas em casa!” protestei. E nem todo mundo também é racista, nem cego quanto as tentativas do governo e da mídia de controlar a população sob o receio de terrorismo, doenças, imigrantes, qualquer coisa realmente, mas algumas pessoas são. Eu gostaria de agradecer a essas pessoas para que eu não vá poder viver e envelhecer ao lado do meu amado lago, no mato michiganense. Acho que eu vou pro Canadá, e quem sabe, talvez meu namorado me visite lá...

2 comentários:

Caitlin disse...

Quanto mais tempo que eu estou longe dos EUA, quanto mais eu os idealizo... obrigada pela volta a realidade. Às vezes eu só lembro da falta das grades na janelas e da existência duma elite negra e gostosa comida mexicana, mas infelizmente os EUA têm tantos problemas quanto o resto do mundo. Acho que somos um país que cria nossos próprios problemas por falta de outras coisas para fazer--não há nenhuma justificação pela qualidade ruim da mídia estadunidense, nem pela falta de leis rígidas sobre armas... você matou quase todas as saudades que eu tinha pelos EUA!

Seu Drake disse...

Assistindo os programas das notícias norte-americanos (de fora), eu fico me perguntando sempre: "quem são estas pessoas e onde é que elas moram?" Alguns meses no exterior servem para colocar muitos dos nossos problemas num contexto mais razoável. Se por acaso você sim se mudar para Canadá, pode continuar falando em português, pois o filho da minha mãe hospedeira está morando lá.

E Caitlin, eu concordo com você. Não tô lembrando nenhum muro nem grade lá nos EUA, apenas campos verdes e árvores...