Ultimamente eu tenho pensado muito na Torre de Babel: por que será que há tanto debate sobre aquela torre? Enquanto eu pensava, a execução da torre por Pieter Bruegel apareceu na mente: uma torre altiva e ameaçadora. Como diz a história do Gênesis, era uma vez uma terra que tinha apenas uma língua entre os humanos. Uma viagem em direção ao Leste começou, e os humanos se congregaram para construir uma cidade magnífica, com uma torre que alcançaria o céu. Depois O Senhor desceu e observou que a humanidade esteve imitando Deus, portanto Ele os espalhou pela terra e confundiu todas as línguas deles. Essa cidade foi conhecida como Babilônia, muitas vezes considerada um símbolo das “falsas religiões.” A história infame da Torre aborda duas questões na minha mente: 1) Por que essa torre foi tão polêmica—o que representa? 2) Por que o debate sobre a criação em oposição à evolução das línguas entra em jogo em relação à Babel?
Quanto à primeira pergunta, a cidade de Babilônia é tão discutida porque foi conhecida por ter a cidade capaz de satisfazer todos os desejos da mente e do corpo do homem. As cidades são centros de prazer, cultura e comércio, onde a fome da alma pode ser satisfeita: o desejo da beleza, a arte e a música e todos os ingredientes da cultura. A torre, por outro lado, foi construída para satisfazer o espírito do homem. Todas as necessidades dos humanos foram satisfeitas pela cidade e pela torre. A filosofia principal por trás da construção foi que os homens tiveram que conquistar uma boa reputação. Isso revela a idéia do humanismo: “glória aos homens como supremacia, pois o homem é o mestro das coisas.” Em outras palavras, glória à humanidade.
Em relação à segunda questão, observando a Torre de Babel de uma perspectiva lingüística, eu fiquei interessada na ramificação de certas línguas indo-européias (aposta-se que a história de Babel aconteceu na Turquia). Por exemplo, por que algumas palavras não tão parecidas nas línguas que aparentemente são se parecem nada? O que faz com que alguns verbos sejam regulares e outros irregulares? Ambas as perguntas podem ser respondidas facilmente: a freqüência do uso. Algumas palavras se desenvolveram mais rapidamente dentro dos idiomas indo-europeus. Um bom exemplo seria a palavra “pássaro.” Em inglês: BIRD, em italiano: UCCELLO, em francês: OISEAU, em alemão: VOGEL. Nenhuma dessas palavras parece muito similar. Ao passo que a palavra “dois” tem muito mais semelhança entre os idiomas indo-europeus: em inglês: TWO, em francês: DEUX, em espanhol: DOS, em italiano: DUE. As palavras que são utilizadas com muita freqüência na vida cotidiana são bem conservadas (evolução lenta). As palavras usadas raramente evoluem a uma alta velocidade. Aliás, esse fenômeno funciona da mesma maneira em relação à genética! A freqüência do uso de uma palavra tem um efeito enorme na própria evolução dela. O fator singular de freqüência determina 50% da variabilidade. O mesmo é verdade em relação aos verbos: somente os que são muito usados continuam irregulares. De fato, não há dúvida de que os verbos “ser” e “ter” vão se manter irregulares na vida de qualquer língua.
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Um comentário:
Gostei da sua perspectiva bem darwinista sobre a evolução das línguas. A idéia de que o que se usa menos vai evoluir mais rápido talvez corre contra a nossa intuição, mas o seu texto me fez concordar com você. Para as palavras mais estranhas das línguas, a escolha é entre adaptar ou ser esquecida, como o mundo tende para a conformidade. No contexto religioso que você levantou, a gente vê de novo o efeito restrito das grandes religões organizadas.
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