Estou no caminho para ser médica, e eu sempre me interessei pelo campo de saúde internacional. Antes de chegar no Brasil, eu sabia que eu queria participar numa atividade que me expusesse à situação da saúde aqui. Quando chegou a época de escolher aulas da universidade, encontrei uma que se chamava “Atividade Curricular na Comunidade: Educação e Saúde, Prevenção das Anemias.” Eu aprendi que esta aula consiste dum componente na sala de aula e outro no “mundo real.” Na sala de aula os estudantes aprendem sobre doenças e como educar as pessoas sobre a saúde. Depois, os estudantes viajam ao interior da Bahia, à cidade de Conde, para ajudar a comunidade carente de Jacu. Condé é uma cidade pequena de 22.600 pessoas, que fica norte de Salvador. Muitas pessoas da comunidade de Jacu especificamente sofrem de problemas de saúde sérios, por causa de falta de atenção medica. Eu achava este tipo de oportunidade muito legal e decidi em matricular na aula.
Durante nossa aula na semana passada, nós falamos sobre nossa primeira viagem ao Jacu, e discutimos as entrevistas que vamos usar para coletar informação sobre o status da saúde das famílias da comunidade. Enquanto nós lemos as perguntas das entrevistas, percebi que quando nós fazemos a primeira viagem, eu vou ver um nível de pobreza que nunca vi em minha vida. Quando perguntamos sobre a ocupação dos adultos, as respostas possíveis são pescador, artesão, ou agricultor. Precisamos inspecionar a estrutura da casa e observar se é construída de pedacinhos de madeira. Quando perguntamos como e onde a família pega a água para beber, cozinhar, e tomar banho, o rio e a chuva são respostas possíveis. O rio também pode ser a resposta quando nós perguntamos onde a família joga o lixo. Quando perguntamos sobre que tipo de banheiro a família tem, uma “fossa” é uma resposta possível e se a família tem uma fossa, nós precisamos inspecionar se a fossa está perto da horta. Precisamos perguntar se os membros da família escovam os dentes e quando nós discutimos esta pergunta, nosso monitor falou que é muito comum a mãe da família mostrar a escova que todos os membro da família usam.
Este tipo de simplicidade é bem diferente da imagem brasileira que muitos americanos conhecem. Se eu perguntasse a muitos de meus amigos o que eles visualizam quando pensam sobre o Brasil, a maioria responderia que pensam sobre praias lindíssimas, mulheres belas na moda, uma celebração de Carnaval espalhafatosa e outras imagens de glamour. A coisa interessante é que embora a pobreza não faça parte da imagem brasileira exportada, ela afeta uma grande percentagem da população brasileira. Eu ouvi falar que 60% do povo brasileiro seria considerado pobre segundo padrões americanas. Se for verdade, a imagem brasileira de glamour realmente não é uma representação correta do povo brasileiro. Se a maior parte do Brasil vive em pobreza, significa que a identidade brasileira é muito mais vinculada com a pobreza que as imagens exportadas e consumidas sugerem. Embora sejam muito comuns, as comunidades mais carentes aqui são ignoradas, esquecidas, e não fazem parte da consciência nacional.
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2 comentários:
Já estou acostumada com essa conversa do povo "lá" dizendo que Brasil é só Carnaval e praia. Já ouvi muitas vezes as comentas bestas de meus colegas, mas por outro lado, já ouvi muitos comentas educadas e desenvolvidas sobre o Brasil. Eu sei que a imagem de festa existe, mas sei que a imagem de pobreza também faz parte. Especialmente depois o grande sucesso do filme Cidade de Deus, é muito difícil achar alguém que ainda pensa na imagem que é só glamour. Não quero dizer que Cidade de Deus "ajudou" a imagem do Brasil a fora, mas talvez ajudou criar uma imagem que é mais complexa. E quando a imagem é mais complexa, a pessoa tem que pesquisar mais para dizer ou pensar em qualquer estereotipo.
Espero que o que aprendemos aqui pode ajudar a realização dum melhor entendimento do Brasil nos EUA. Não aprendemos para ensinar os outros?
Acho que a mesma coisa podia ser dita sobre vários países do mundo. Somente a versão bonita e exótica é exportada ao resto do mundo, neh?
Você comentou que 60% do povo brasileiro seria considerado pobre segundo padrões americanas, mas eu estou curiosa, você sabe qual percentagem da população norteamericana é considerada "pobre?"
Um artigo bem interessante Alanna.
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