quinta-feira, 5 de junho de 2008

Saudades

Saudades não têm fim. Sempre que você sai de algum lugar, sente a falta de algo. Desde os oito anos, eu não moro com a minha mãe, e desde então sempre senti de certa maneira que eu era uma cigana. Não que eu não tinha casa, não é isso, mas que o meu lar ia comigo. Onde ela mudasse, era de fato um novo lar para ser descoberto e visitado. Faz cinco anos que eu saí da casa de meu pai. Desde que eu saí da cidade onde morava havia dezoito anos, só voltei duas vezes, sinto saudades dela. Morei um ano no Panamá, dois anos em Nova Iorque, um ano aqui, e volto para mais um ano em Nova Iorque. Meu pai mora a seis horas de carro da minha faculdade, a minha mãe mora a seis horas de avião. Minha família hospedeira no Panamá mora a oito horas de avião, e a minha família aqui no Brasil, mora a mais ou menos dez horas viajando de avião. Saudades são parte da minha existência, onde eu for sempre será outro lugar para o qual eu sentirei saudades. Mas estou achando neste momento que Salvador vai fazer mais falta para mim do que todos os outros lugares. Óbvio que eu adoro esta cidade. Especificamente?

Agora a lista:

  • Pessoas jogando futebol na praia dia de domingo enquanto um grupo de samba toca num barzinho na Orla, e um homem vestido de camisa dizendo “Segurança” samba no meio da rua principal.
  • Beiju dos Artistas, especificamente o Carlinhos Brown
  • Aula de dança Afro-brasileiro, com a banda tocando “ao vivo”
  • A ilha de Itaparica
  • Açaí, quatro reais por 300 ml
  • Esperando o ônibus, onde for, sempre pode assistir às pessoas e a seu comportamento. O mendigo bebendo cachaça às duas da tarde no domingo, informando o pessoal sobre qual ônibus precisa pegar para chegar a tal lugar. “Bêbado mas está sabendo” eles comentam.
  • A Fonte Nova e assistir aos jogos da Bahia, mas muitas pessoas têm saudades disso.
  • O Ramma, comida natural
  • Doce Sonhos, bolo
  • Acarajé no Rio Vermelho
  • Beco das Artistas, que viagem!
  • Show na Concha Acústica
  • Peça no Vila Velha
  • Sorvete na Ribeira
  • MTV Brasil, meu amigo eterno aqui
  • Feijão cremoso feito por Natalia
  • Prática de comprar qualquer remédio que você quiser sem prescrição
  • Capoeira, que teve um grande papel na minha vida brasileira.
  • Morar ao lado do mar, passar por ele no ônibus às vezes duas o três vezes por dia, ver a vida que passa ao lado dele, pessoas vendendo, carregando, fazendo exercícios, esperando, beijando ao lado dele. Não vou ver um mar sem pensar em Iemanjá agora.
  • Principalmente, mais de tudo isso, vou ter saudades das pessoas que fizeram parte da minha vida aqui. Brasileiros criam um povo muito único, perigoso, e ao mesmo tempo muito amoroso, alegres mas trabalhador, que geralmente passa uma vida dura com bom humor. Isto sim é talento.

Até logo Bahia, eu te AMO.

3 comentários:

val disse...

adorei ler sua lista...particularmente a parte do mar...vc articulou exatamente o que é tao massa do mar baiano---a vida que acontece ao lado dele :) nesta hora de despedida, a gente tem que tentar fechar nossa vida aqui e continuar com a próxima adventura, mas é lindo saber que depois de que a gente ir embora, o mar e as vidas que se vivem ao redor dele continuarão, sem ou com nos

Julie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Julie disse...

Também gostei de sua lista, é engraçado que tantas pessoas vão sentir saudades do beiju dos artistas. Acho que isso não só significa que temos um obsessão com comida, mas também que gostamos de ter uma relação com as pessoas e os lugares onde frequentamos para comer. Vamos ter saudade dos moços do beiju que dizem logo quando chegamos, "Olha, não tem carlinhos hoje".